Isabelle Martini

20/08/2018

Nas férias de janeiro de 2010 através de alguns amigos conheci um jeito novo de estudar: em casa. Era algo completamente novo para mim. Durante todo o ano de 2010 frequentei a escola, como era de costume, mas sempre me lembrava, com curiosidade, dos amigos que conheci nas férias. Mantive contato com alguns, e comecei a me interessar pelo assunto. Meus pais, também acharam interessante e começaram a pesquisar e conhecer essa nova forma de "escola".

O ano de 2011 começou e meu pai me matriculou na escola regular. Nos primeiros meses de 2011 comecei a não me contentar apenas com o que a escola poderia me oferecer. Me sentia limitada pela sala de aula, e por professores que nem sempre respondiam minhas dúvidas. Muitas vezes ouvi "Isso não vai cair na prova, não se preocupe". Sinceramente, eu não estava preocupada apenas com o que iria "cair na prova" ou com a matéria necessária para que eu fosse aprovada num vestibular. Por outro lado muitas vezes me perguntava: "Para quê eu preciso apreender isso?" alguns conteúdos, principalmente de química, me intrigavam. Eu estava frustrada com o conteúdo, e cada dia mais decepcionada com o ambiente escolar.

Numa tarde de domingo sentei com meus pais a mesa e manifestei o desejo de sair da escola e começar a praticar educação domiciliar. No primeiro momento meu pai foi bastante cauteloso, e disse para eu ter paciência. Os meses na escola iam passando e eu tinha cada vez mais desejo de sair e de certa forma me libertar daquela rotina. Em maio de 2011 meus pais tomaram a decisão. Saímos da escola, eu e minha irmã, um ano mais nova que eu.

No primeiro momento confesso que eu sentia medo, não sabia os desafios que iria enfrentar, e o desconhecido me assustava. A direção inicial dada pelo meu pai foi a "desescolarização". O que significava isso? Naquele momento nem ele mesmo sabia. O fato é que após saímos da escola eu e minha irmã passamos o resto do ano de 2011 nos dedicando a habilidades que a antiga rotina da escola não nos permitia desenvolver. Eu escolhi aulas de costura, Caroline escolheu música, violino.

No ano de 2012 eu decidi junto com meus pais que começaria a estudar o Ensino Médio novamente junto com minha irmã, nos duas terminamos todo o conteúdo que seria dado em três anos de Ensino Médio na escola, em um ano e meio. Esperei até o fim de 2013 para tirar meu certificado do ensino médio pelo ENEM, mas pela gigantesca burocracia do nosso pais, não consegui. Eu completaria 18 anos no dia 7 de novembro, as provas aconteceram nos dias 26 e 27 de outubro, o que me impedia legalmente de conseguir meu certificado de conclusão. Descobrimos um outro caminho, que seria fazer uma prova do supletivo. Fiz a prova do supletivo, e conclui meu ensino médio.

Hoje estou no 5º período da faculdade de pedagogia, a distância. Aprendi a estudar sozinha. E tenho o prazer de ensinar, trabalho dando aulas de reforço para crianças de 5 a 13 anos, algumas que praticam ensino domiciliar e outras que frequentam a escola. Faço estagio em uma escola que abrange desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, confesso que estou cada dia mais frustrada com o ambiente escolar. Meu desejo é que mais pessoas conheçam a Educação Domiciliar e seus bons resultados, e que esta seja reconhecida como modalidade educacional no Brasil. Enquanto estudante de pedagogia creio que os lares, podem e devem, ser ambiente de ensino e aprendizagem, e que mães e pais, tem o direito de serem os únicos educadores de seus filhos. Acredito também que todo ser humano desenvolve suas múltiplas inteligências no convívio social, e que este não deve ser feito necessariamente na escola.

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